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Tribunal da internet: Contente em condenar pessoas públicas por questões privadas

Recentemente, o tribunal da internet condenou a cantora Iza, que está no fim de sua gestação, por suas escolhas pessoais. Enquanto grávida, ela descobriu que o jogador Yuri Lima a traía. Por um tempo, ela se afastou e expôs o caso em suas redes sociais. Porém, decidiu voltar com o pai da criança.

Quando a cantora expôs o parceiro e quando decidiu voltar com Yuri, os julgamentos e críticas sobre suas decisões pessoais foram incessantes. De acordo com o júri, ela “deveria” tomar decisões e discutir esses temas abertamente. As pessoas parecem ter se esquecido, devido ao imediatismo das redes, que seres humanos precisam de tempo para refletir sobre suas próprias escolhas, sentimentos e relações.

O modo de funcionar dessa sociedade machista constantemente pressiona pessoas públicas, principalmente as mulheres famosas. Independentemente de sua situação, sempre haverá alguém para cutucar a ferida e criticar. Apontam o dedo para a Iza sem considerar, por exemplo, o quanto pode ser doloroso para uma criança crescer sem pai.

Mesmo que esse seja um cenário extremamente comum no Brasil, a internet se vê no direito de julgar e impor regras sobre como essas mulheres devem agir. Se elas permanecem com o parceiro, o público as chama de “submissas”; se separam e expõem a situação, as acusam de vitimismo e de querer chamar atenção.

A cultura de ataques online do Brasil

Carolina Dieckmann, Iza e Carla Perez | Fotos: Reprodução / Instagram | Montagem: Jornal Opção

Carla Perez também sofreu com o tribunal popular. Em 1998, após deixar o grupo “É o Tchan”, ela recebeu duras críticas. O motivo? A artista decidiu se afastar dos holofotes para se dedicar à família. Em vez de respeitar sua escolha, muitos a acusaram de ser antiquada e de abandonar a carreira para agradar o marido. O julgamento foi implacável, desconsiderando o direito da artista de escolher seu próprio caminho.

Outro exemplo é Carolina Dieckmann, que teve sua vida privada invadida em 2012. Criminosamente, divulgaram suas fotos íntimas sem seu consentimento. Em vez de apoiar a atriz, parte do público e da mídia a culpou pelo ocorrido, a culparam por não ter tido “cuidado o suficiente”. Houve pouca empatia nesse caso, mas sobraram críticas ferozes. O público optou por ignorar o fato de que a violação de sua privacidade é um crime.

Esses casos, entre muitos outros, mostram como a internet se transforma em um tribunal cruel, onde figuras públicas são constantemente julgadas por suas vidas privadas. Esquecem que, antes de serem celebridades, são pessoas que, como todos nós, têm direito a tomar decisões e lidar com as consequências de suas escolhas sem serem condenadas por isso.

É urgente que a sociedade e, principalmente, os usuários da internet repensem essa postura e compreendam que respeito e empatia são fundamentais em qualquer interação, seja no mundo real ou no virtual.

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