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Do Cerrado à Amazônia Legal: a estratégia do BTG para transformar floresta em investimento

O BTG Pactual está acelerando sua estratégia de diversificação ao ampliar investimentos em ativos florestais na América Latina. Por meio do Timberland Investment Group (TIG), sua subsidiária focada no setor, o banco já implantou projetos de restauração em 11 mil hectares no Mato Grosso do Sul, expandiu operações para o Uruguai e avalia novas iniciativas na Amazônia Legal e na Mata Atlântica.

A movimentação ocorre após o fundo de reflorestamento criado há quatro anos alcançar US$ 672 milhões em captação, mais da metade da meta de US$ 1 bilhão prevista para cinco anos.

Depois de consolidar posições relevantes em áreas como energia, telecomunicações e varejo, o BTG decidiu aprofundar sua atuação em ativos florestais, apostando em um modelo que combina restauração ambiental, produção florestal e geração de créditos de carbono. O foco inicial tem sido o Cerrado, bioma que enfrenta forte perda de vegetação nativa, mas que historicamente recebe menos atenção do que a Amazônia.

“Estamos no caminho para alcançar nosso objetivo. As coisas estão indo bem”, afirmou Mark Wishnie, diretor de sustentabilidade do TIG, à AgFeed. Segundo ele, o avanço da captação permite ao banco não apenas cumprir o plano original, mas também dar “um passo além”, ampliando a presença em outros biomas brasileiros e países da região.

O TIG, sigla para Timberland Investment Group, integra a estrutura do BTG desde 2013, quando foi adquirido pelo banco. Sediada em Atlanta, nos Estados Unidos, a subsidiária administra hoje US$ 7,3 bilhões em ativos sob gestão e compromissos firmados, atua em 22 escritórios ao redor do mundo e gerencia cerca de 1,1 milhão de hectares de florestas. 

Seu foco histórico sempre foi a aquisição de áreas degradadas para transformá-las em florestas comerciais, além do investimento em florestas já produtivas.

Nos últimos anos, no entanto, a estratégia ganhou um componente adicional. Além da produção de madeira, os projetos passaram a mirar a geração de créditos de remoção de carbono.

De acordo com Wishnie, metade das áreas restauradas recebe espécies exóticas, destinadas à exploração comercial, enquanto a outra metade é ocupada por espécies nativas, voltadas à recuperação e à proteção dos biomas. Esse modelo permite retirar CO₂ da atmosfera e atrair empresas que buscam cumprir metas de neutralidade de carbono.

Não por acaso, o TIG já fechou contratos relevantes com grandes empresas de tecnologia. Em junho do ano passado, a Microsoft acertou a compra de até 8 milhões de créditos de remoção de carbono até 2043. Poucos meses depois, em setembro, a Meta fechou um acordo para adquirir 1,3 milhão de créditos, com possibilidade de ampliação para mais 2,6 milhões até 2038.

“Nossa expectativa é que provavelmente teremos mais transações (com outras empresas) em 2026”, antecipou Wishnie.

O interesse de investidores institucionais também reforça a tese. O BNDES aprovou um aporte de US$ 56 milhões no veículo, enquanto a GenZero, plataforma de descarbonização ligada ao fundo soberano de Cingapura, o Temasek, investiu em valores não divulgados. 

Paralelamente, o TIG ampliou sua atuação geográfica, iniciando projetos no Uruguai em áreas que combinam Pampa e floresta, bioma muitas vezes negligenciado, mas que apresenta elevado histórico de perda de vegetação nativa.

Embora o Cerrado siga como prioridade, com a meta de conectar mais de 40 mil hectares de habitat para a fauna local, o banco observa com atenção outros biomas. A Mata Atlântica, por exemplo, hoje conserva apenas 24% da cobertura original, segundo a SOS Mata Atlântica.

Nesse contexto, o TIG anunciou recentemente um projeto em parceria com a Ikea para restaurar 4 mil hectares de pastagens degradadas no Paraná e em Santa Catarina, voltado à criação de florestas comerciais de pinus.

Para Wishnie, a escolha das regiões leva em conta fatores como infraestrutura, acesso a mercados e ambiente de negócios. “Onde temos acesso aos mercados, onde temos uma boa compreensão do crescimento das árvores e um ambiente de negócio favorável”, explicou. “Estamos procurando as características que irão suportar essa estratégia.”

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