Concurso nacional busca inventos que facilitam a vida na agricultura familiar
Da enxada reinventada ao equipamento que poupa horas de trabalho, a criatividade que brota no campo brasileiro agora ganha palco nacional. Está aberto o 1º Concurso Nacional de Inventos de Máquinas, Equipamentos e Implementos Adaptados à Realidade da Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais, uma iniciativa que nasce para valorizar soluções criadas onde o desafio é diário: na roça, no quintal produtivo, no território tradicional. Promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Embrapa e Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), com apoio da Fundação Banco do Brasil, o concurso reconhece algo simples e poderoso: a inovação não mora apenas em laboratórios sofisticados, mas também nas mãos de quem trabalha a terra. As inscrições seguem abertas até 13 de fevereiro e podem participar agricultores familiares, pesquisadores e pequenos empreendedores que tenham desenvolvido máquinas, equipamentos ou implementos capazes de facilitar a vida no campo. Vale quase tudo — de ferramentas manuais a soluções com automação — desde que resolvam problemas reais: reduzir o esforço físico, economizar tempo, aumentar a produtividade, melhorar a renda ou gerar impacto ambiental positivo. Problemas reais, ideias que nascem do chão Um dos coordenadores do concurso, o pesquisador Henrique Carvalho, da Embrapa, resume o espírito da iniciativa: a busca é por soluções criadas a partir da experiência prática. Ideias que surgem do cotidiano de quem sente, na pele, os limites da tecnologia pensada longe da realidade rural. Mais do que premiar, o objetivo é fazer essas invenções caminharem. A proposta é que elas possam ser aprimoradas, ganhar escala e chegar a mais famílias, fortalecendo a autonomia tecnológica da agricultura familiar e dos povos e comunidades tradicionais. Diversidade como critério, inclusão como valor A seleção será feita por um comitê formado por representantes das instituições organizadoras e entidades ligadas à agricultura familiar. Além de critérios técnicos — como impacto na produtividade, originalidade e possibilidade de adaptação a diferentes biomas — o concurso dá pontuação extra a invenções lideradas por mulheres, jovens e integrantes de povos e comunidades tradicionais. Ao todo, 20 inventos serão premiados: dez na categoria Agricultor Familiar, cinco na categoria Pesquisador e cinco na categoria Empreendedor. Cada vencedor receberá R$ 10 mil, certificado oficial e convite para participar de atividades de intercâmbio, valorização e difusão tecnológica. A cerimônia de premiação está prevista para março de 2026, durante o Seminário Nacional de Máquinas, Equipamentos e Implementos, na região de Campinas (SP). Muito além do prêmio Segundo Henrique Carvalho, ganhar o concurso não é o ponto final, mas o começo da jornada. Os inventores poderão ser convidados para cursos, missões técnicas e até projetos de desenvolvimento de protótipos, abrindo caminho para que boas ideias se transformem em soluções consolidadas. Uma das novidades é a criação do Banco de Inventos, uma vitrine tecnológica que fará parte da Plataforma Mecaniza, prevista para lançamento em março de 2026. O espaço vai reunir e dar visibilidade às invenções, sempre com respeito total à propriedade intelectual. A decisão de participar será do inventor, e os direitos permanecem com quem criou a solução. Inovação que respeita o território Para a diretora de Inovação da Embrapa, Ana Euler, o concurso ajuda a fortalecer um ecossistema de inovação mais justo e conectado com a realidade brasileira. Ao aproximar agricultores, universidades, empresas e políticas públicas, a iniciativa aposta em tecnologias acessíveis e sustentáveis, capazes de promover desenvolvimento onde ele realmente importa: nos territórios rurais. No fim das contas, o recado é claro: quando o conhecimento do campo encontra reconhecimento, a inovação floresce.