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Olimpíadas de Paris, ditadura das minorias e escárnio com a “fragilizada” Igreja Católica

No início dos anos 1960, jovem engenheiro recém-formado, fiz minha primeira viagem internacional, e passei, admirado, alguns dias em Paris. Hospedei-me em um então despretensioso hotel, ainda que bem central — ficava a uma centena de metros do Arco do Triunfo.

O gerente, ou “concierge”, como se intitulava, era um francês grandalhão, falante, na casa dos 50 anos, que muito contribuía para a fama de arrogância que é atribuída aos franceses. Logo na minha chegada, ao ver minha nacionalidade, passou a alardear as qualidades da França. Perguntou se eu já havia visitado seu país e se conhecia sua história. Ao responder que conhecia a história, mas não conhecia Paris, afirmou que aproveitasse bem, para conhecer uma das mais belas cidades do mundo, como por certo não existiriam nos países em desenvolvimento, como o Brasil.

Ao retrucar que tínhamos cidades belíssimas, como o Rio de Janeiro (então Cidade Maravilhosa, sem o domínio atual do narcotráfico e da corrupção), respondeu-me que era diferente: o Rio tinha belezas naturais e Paris tinha a beleza que os franceses haviam projetado e construído. Mostrava a grandeza do povo, não da natureza. E sempre que eu chegava ou saía do hotel, vinha ele com alguma colocação que deixava o Brasil em desvantagem com a França.

Na véspera de minha partida, ao chegar de uma longa jornada conhecendo a cidade, o encontrei à porta do hotel, admirando os passantes e fumando um cigarro. Quando me viu, falou, apontando o Arco do Triunfo: “Brésilien!, veja que belo monumento. Espero que um dia construam algo parecido no Brasil”.

Como já andava meio irritado com sua verbosidade pretensamente superior, respondi: “Mas eu soube que ele deve ser demolido”.

— O Arco do Triunfo? Um dos símbolos da grandeza da França? Nunca! Por que diz isso?

— Vi num filme as tropas alemãs, em 1941, desfilando pelo Arco, quando a França foi derrotada em duas semanas apenas, quase sem combater, pelos nazistas. Assim, penso que é um monumento desmoralizado, e deve ser demolido.

O francês arregalou os olhos, por certo surpreso com a insolência do subdesenvolvido, atirou longe seu cigarro e entrou no hotel sem dizer palavra. E nenhuma palavra me disse, até minha partida, no final do dia seguinte. Não me importei. Se fui deseducado, ao atingir o ponto fraco e mais dolorido dos franceses, foi em defesa de minha pátria, que ele insistia em menosprezar.

Madame de Staël, Marie Curie e Colette: solenemente esquecidas | Fotos: Reproduções

A omissão das mulheres que não são de esquerda

Lembrei-me desse episódio ao contemplar a abertura dos Jogos Olímpicos na Paris que o concierge tanto elogiava. Um espetáculo de prepotente mau gosto e de desrespeito, muito diferente das aberturas das olimpíadas anteriores, principalmente antes da pandemia, como em 2004 em Atenas, 2008 em Pequim, 2012 em Londres e até em 2016 no Rio de Janeiro.

Os franceses — ao menos os “artistas” que projetaram o espetáculo e as autoridades que o permitiram — foram suficientemente arrogantes na exibição de algo “woke”, o que ao menos a metade do mundo não aceita como verdade, tal como é tentativamente imposto pelas esquerdas mais atrasadas, embora se intitulem “progressistas”. E que, além de politicamente discutível, é muito desrespeitoso com o catolicismo, a religião básica do Ocidente (de que a França é parte importante).

Os franceses não seriam tão descorteses e tão ofensivos com a religião muçulmana, pois temem as represálias; e se aproveitaram da fragilidade atual do catolicismo para agredi-lo e exibir ao mundo sua agenda. Falo da fragilidade atual da religião católica por ser ela uma das mais perseguidas nos dias de hoje em várias regiões do Globo.

Na Nigéria, na Coreia do Norte, na Índia, na Síria, no Iraque e na Nicarágua os episódios, em geral patrocinados pelos governos locais, se sucedem, alguns com extrema violência. O quadro se agrava com a leniência atual do Vaticano (só emitiu uma nota de protesto, bem fraca, mais de uma semana após a abertura), e com uma parte da Igreja Católica falsificada pelo marxismo e autointitulada Teologia da Libertação absolutamente inerte, enquanto padres, freiras e fiéis autênticos são perseguidos, exilados, presos e até mortos.

Quando às perseguições em países totalitários se soma o deboche em país democrático, como a França, o catolicismo está fragilizado.

Uma representação da Santa Ceia, imortalizada na obra universal de Leonardo da Vinci, nunca poderia ser objeto de menoscabo, ao ser figurada apenas com homossexuais caricatos e de mistura de uma figura também caricata do deus pagão Baco.

Não à toa, a Conferência Episcopal Francesa protestou em nota contra a encenação, que classificou de “escárnio”. E, com um silêncio papal inexplicável, por vários dias, pelo mundo todo ressoaram protestos contra o que foi visto como desrespeito gratuito à religião católica e aos seus símbolos. Agressão desnecessária, enfim, por parte da esquerda francesa à principal base filosófico-religiosa que compõe a crença ocidental, e que contribuiu para sua formação social.

É de se crer que esse acontecimento tenha origem naquilo que muitos historiadores relatam como a decadência de alguns países ocidentais pelo relaxamento dos costumes, pela degradação da família (que sempre foi a base para uma formação sadia dos jovens), pela depreciação do mérito, pelo abuso de drogas, pela imposição das minorias como se maiorias fossem.

Os organizadores da cerimônia alegaram que desejavam simbolizar a inclusão e a tolerância, mas como fazê-lo excluindo cristãos e manifestando intolerância com sua crença?

Conseguiram excluir pela desaprovação milhões de religiosos e de conservadores (que aliás haviam acabado de mostrar nas eleições francesas como são numerosos) e mostraram intolerância política ao tentar impor a ditadura das minorias.

Essa vontade ficou evidente em outros quadros menos difundidos da cerimônia de abertura. As dez mulheres francesas homenageadas num dos quadros são todas de esquerda e nenhuma teria nem de longe o brilho de algumas omitidas. Por exemplo, Marie Curie, uma das pouquíssimas personalidades a receber mais de um Prêmio Nobel. Ou Colette. Ou Madame de Staël. Se a França está em decadência, muito mais decadente é a sua esquerda.

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