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O niilismo na visão de Nietzsche, Marx e do Espiritismo

por Abílio Wolney Aires Neto*
especial para o Jornal Opção

Para Nietzsche, o niilismo é o reconhecimento de que os valores tradicionais (particularmente os religiosos e morais) perderam seu poder sobre a vida humana. Ele via o niilismo como uma consequência inevitável do desenvolvimento do pensamento ocidental, especialmente após a “morte de Deus” — a ideia de que as crenças religiosas tradicionais, particularmente o cristianismo, já não eram mais capazes de fornecer um sentido convincente para a vida.

O niilismo nietzschiano é tanto um diagnóstico quanto um problema a ser superado. Ele distingue entre um niilismo passivo, caracterizado pela resignação e apatia diante da falta de significado, e um niilismo ativo, que reconhece a crise de valores como uma oportunidade para a criação de novos valores e significados. O super-homem (Übermensch), uma das ideias centrais de Nietzsche, surge como uma resposta à superação do niilismo, representando a capacidade do ser humano de criar seus próprios valores sem depender de sistemas morais preestabelecidos.

Embora Marx não aborde diretamente o niilismo, seu pensamento pode ser relacionado à superação de sistemas opressivos e à crítica dos valores burgueses. Marx acreditava que os sistemas de classes e as ideologias burguesas promoviam uma visão distorcida da realidade, o que ele chamou de “falsa consciência”. A ideologia capitalista era vista como uma forma de alienação, afastando os indivíduos de sua verdadeira natureza e potencial humano.

A visão marxista de uma sociedade sem classes pode ser considerada uma forma de superação de uma espécie de “niilismo social”, no qual os valores da classe dominante são impostos sobre o restante da sociedade. Ao abolir o capitalismo e a divisão de classes, Marx acreditava que seria possível alcançar uma sociedade mais justa, onde os indivíduos pudessem se realizar plenamente, livres da alienação e opressão. Isso pode ser interpretado como a busca por um sentido positivo em um mundo transformado socialmente, em oposição à visão destrutiva do niilismo.

O Espiritismo, por sua vez, oferece uma visão que é essencialmente antagônica ao niilismo. Para o Espiritismo, a vida tem um propósito claro, que é a evolução espiritual. Cada encarnação é vista como uma oportunidade de progresso moral e intelectual, e a morte não representa o fim, mas uma transição para uma nova fase da existência, onde o espírito continua seu processo de aprendizado e desenvolvimento.

Do ponto de vista espírita, o niilismo seria uma visão equivocada ou temporária da realidade, surgindo da ignorância sobre a continuidade da vida após a morte e o propósito maior da existência. O niilismo, com sua falta de crença em sentido ou valores absolutos, seria superado pela compreensão das leis espirituais, especialmente a lei de causa e efeito (karma) e a reencarnação, que dão à vida um significado intrínseco.

Em resumo:

  1. Nietzsche vê o niilismo como uma crise de valores, uma consequência da “morte de Deus”, que pode ser superada pela criação de novos significados e pela figura do super-homem.
  2. Marx busca a superação da alienação causada pelo capitalismo, e sua visão de uma sociedade sem classes pode ser interpretada como uma resposta ao vazio de sentido imposto pelas ideologias dominantes.
  3. Espiritismo rejeita o niilismo, propondo que a vida tem um sentido profundo na evolução do espírito, com base na reencarnação e no progresso moral contínuo.

*Abilio Wolney Aires Neto

Abílio Wolney Aires Neto | Foto: Acervo Pessoal
  • Juiz de Direito titular da 9ª Vara Civel de Goiania.
  • Delegado Adjunto da ABRAME-GO
  • Expositor espírita, ex- Presidente do Núcleo Espirita Casa de Jesus em Anápolis-GO, onde é co-mantenedor com Delnil Batista, o presidente.
  • Co-fundador/mantenedor do Lar de Maria em Dianópolis-TO.
  • Titular da Cadeira 9 da Academia Goiana de Letras, Cadeira 23 do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás -IHGG, Membro da União Brasileira de Escritores-GO e de outras Instituições literárias.
  • Graduando em Jornalismo.
  • Acadêmico de Filosofia e de História.
  • Autor de 15 livros de história regional, poemas, crônicas, 3 de Direito. Em ebook inédito: Cristianismo Espírita.

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