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A eleição de 2024 não foi muito diferente de outras eleições municipais e continuou “analógica”

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A direita fragmentou-se nesta eleição. Pode-se falar mais em direitas. Em São Paulo, por exemplo, saíram dois candidatos da direita: Ricardo Nunes, do MDB, e Pablo Marçal, do PRTB. Os dois se atacaram com virulência.

Pablo Marçal: uso eficiente dos debates e das redes sociais l Foto: Divulgação

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) bancaram Ricardo Nunes. A extrema-direita bancou o outsider Pablo Marçal, que se considera bolsonarista, mas é um “filho” renegado.

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Falou-se, antes das campanhas, em confronto em direita e esquerda. Seria o enfrentamento principal do jogo político. O embate ideológico é um fato, mas não é decisivo na disputa eleitoral municipal, ao menos não na maioria das cidades.

Na verdade, com uma esquerda enfraquecida e com uma direita com sangue na boca, candidatos de centro se tornaram mais encorpados em vários municípios do país.

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Nos embates, ao menos na maior parte das cidades, não prevaleceu a discussão ideológica, e sim a questão administrativa: saúde, segurança, transporte coletivo e educação.

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Jair Bolsonaro: pouca força política no Rio de Janeiro | Foto: Reprodução

Um mito que cai: o ex-presidente Jair Bolsonaro não transferiu votos, ao menos na maioria das cidades. Se provou outras coisas: candidatos bolsonarista bem-sucedidos têm tração própria. O líder do PL é responsável por um empurrãozinho, e só.

No Rio de Janeiro, o candidato de “coleira” de Bolsonaro, Alexandre Ramagem (PL), da direita, não conseguiu superar o prefeito Eduardo Paes (PSD), do centro.

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 A inteligência artificial não foi vital nas eleições deste ano. Pelo contrário, métodos tradicionais, com alguma sofisticação tecnológica, prevaleceram.

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As redes sociais foram decisivas? Na maioria das cidades talvez não. São e foram importantes para candidatos que, de alguma maneira, já eram nativos, ou seja, já tinham bom tráfego antes das campanhas. É o caso de Pablo Marçal, que explorou as redes muito bem.

As redes sociais são importantes para os candidatos. É fato. Mas continuam divulgando material que saiu em veículos mais tradicionais, como jornais. Na verdade, como se disse, funcionam para muito poucos, mas não funcionam para a maioria. A tecnologia, mesmo a mais simples, não é bem usada por grande parte dos políticos. Usar recursos modernos, altamente avançados, com uma mente analógica às vezes mais prejudica do que ajuda. O senador Vanderlan Cardoso, para citar um exemplo, usou muito mal as redes sociais. Seus programas e divulgação nas redes pareciam feitos por um idoso de 100 anos, ou melhor, por gente do século 20.

O que mais se notou foi o uso “analógico” das redes sociais. Mais uma vez, vale citar que Pablo Marçal sabe como usá-las, nos melhores e nos piores aspectos. Guilherme Boulos é jovem, mas é mais ou menos analógico e lento nas redes sociais. Não se está dizendo que usou mal as redes. Não é isso. O que está sugerindo é que, de algum modo, perdeu a batalha midiática para o candidato do PRTB.

O fato é que na maioria das cidades do país, não apenas em Goiás, prevaleceu o corpo a corpo — as campanhas de rua, de reuniões.

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O que não mudou ou não mudou? Alguns institutos de pesquisa, tudo indica, continuam “vendendo” resultados, não pesquisas efetivas. Determinadas pesquisas (não todas, é claro), longe de revelar o quadro verdadeiro, se tornaram, em vários casos, instrumentos político-eleitorais. Noutras palavras, foram usadas para tentar mudar o quadro eleitoral.

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Em Goiânia deu-se um fenômeno. O grupo de Marconi Perillo ficou 20 anos no poder em Goiás e não conseguiu eleger nenhum prefeito em Goiânia (e perdeu várias eleições em Aparecida de Goiânia e Anápolis). Em 2024, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), mostrou que está no jogo e seu grupo apresentou candidatos competitivos. Mesmo em Anápolis não há como falar que Márcio Corrêa, o candidato do PL, não tem ligação com a base governista.

Sandro Mabel (União Brasil) saiu do terceiro lugar e, rapidamente, chegou ao primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Ele tem sua força, mas parte é derivada dos acertos do governo de Ronaldo Caiado, notadamente nas áreas de segurança pública, saúde, educação e social.

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Gean Carvalho: prefeito bem avaliado costuma ser reeleito | Foto: Divulgação

Como costumam dizer o pesquisador Gean Carvalho, um craque, e cientista político Alberto Carlos Almeida, outro craque, prefeitos bem avaliados costumam se reeleger ou então elegem seus candidatos.

Para citar apenas cinco, os prefeitos de Luziânia, Diego Sorgatto, do União Brasil, de Mineiros, Aleomar Rezende, do MDB, de Jaraguá, Paulo Vitor Avelar, do União Brasil, de Hidrolândia, José Délio, do União Brasil, e de Porangatu, Vanuza Valadares, do União Brasil, são favoritíssimos. Motivo: fazem administrações bem avaliadas.

Os prefeitos de Rio Verde, Paulo do Vale (União Brasil), e de Valparaíso de Goiás, Pábio Mossoró (MDB), muito bem avaliados, devem eleger os sucessores — Wellington Carrijo e Marcus Vinicius, ambos do MDB.

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A tese de que o candidato em Goiânia deveria ser um gestor parece que prevaleceu. Os eleitores querem um administrador na prefeitura. (E.F.B.)

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