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Em Goiás 6,4% da população tem diabetes, segundo SES

O Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, traz à tona a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento contínuo da doença, que afeta milhões de brasileiros, incluindo os habitantes de Goiás. Dados da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) revelam que 6,4% da população goiana adulta convive com diabetes, número ligeiramente abaixo da média nacional, que é de 9,1%. Em Goiânia, a prevalência atinge 6,8%, com um maior índice entre as mulheres (7,5%) em comparação aos homens (5,4%).

De acordo com a SES-GO, o número absoluto de pessoas diagnosticadas com diabetes nas unidades de saúde públicas do estado chega a 544.687. A pasta tem se dedicado ao atendimento desses pacientes, com ênfase no controle da doença para evitar complicações graves, como acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e amputações, que são mais comuns entre diabéticos não tratados adequadamente.

Em entrevista ao Jornal Opção, o endocrinologista Nelson Rassi, detalha a situação da doença em Goiás. “A prevalência da diabetes em Goiás está em torno de 10% a 15% da população adulta”, afirma Rassi. Ele explica que, no estado, ainda não há um estudo epidemiológico preciso sobre o número de pessoas com diabetes, mas a tendência é que os dados goianos sigam a média nacional. A prevalência de diabetes tipo 2, mais comum entre adultos, está especialmente associada ao aumento do peso corporal e à obesidade, problemas em crescimento no Brasil e no estado de Goiás.

Nelson Rassi, endocrologista | Foto: Reprodução

O diabetes tipo 2, que representa aproximadamente 90% dos casos da doença, tem uma evolução insidiosa, o que dificulta o diagnóstico precoce. “O diabetes tipo 2 é uma doença silenciosa. Muitas vezes, o diagnóstico só é feito após anos, quando complicações já começaram a surgir, como problemas de visão ou insuficiência renal”, alerta o Dr. Nelson. Isso destaca a importância de exames regulares, especialmente para pessoas com histórico familiar de diabetes ou com sobrepeso.

Para o tratamento e acompanhamento dos diabéticos, o estado de Goiás conta com a Rede Estadual de Serviços da Linha de Cuidado à Pessoa com Diabetes, que oferece suporte técnico e assistência farmacêutica para os municípios. O Centro Estadual de Atenção ao Diabetes (CEAD), localizado no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), é uma referência no estado, oferecendo atendimento especializado para pacientes com dificuldades no controle da doença.

O CEAD se destaca por seu atendimento multidisciplinar, que inclui médicos endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas e até podólogos. “O tratamento do diabetes exige uma abordagem ampla e integrada, com acompanhamento regular para evitar complicações graves”, explica Rassi, destacando a importância do atendimento especializado para pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2.

Outro avanço importante é a cirurgia metabólica, uma opção de tratamento para pacientes com diabetes tipo 2, oferecida exclusivamente pelo SUS no estado de Goiás desde 2018. “A cirurgia metabólica, realizada por videolaparoscopia, tem se mostrado eficaz no controle do diabetes tipo 2 em pacientes que não conseguem controlar a doença com medicamentos e mudanças de estilo de vida”, afirma Rassi.

A SES-GO também tem investido em campanhas de conscientização sobre o diabetes. A campanha “Goiás Unido contra o Diabetes”, prevista para ocorrer na próxima semana, tem o intuito de promover a detecção precoce da doença e fornecer informações sobre prevenção e tratamento. Além disso, a Feira de Saúde e Atenção à Pessoa com Diabetes, que será realizada em Goiânia, promete atender cerca de 3 mil pessoas, reforçando o diagnóstico precoce e os cuidados com a saúde.

O combate ao diabetes em Goiás também é impulsionado por uma parceria entre a SES-GO e o Centro de Referência em Oftalmologia da Universidade Federal de Goiás (CEROF-UFG). A pesquisa inédita, que está em fase final de construção, tem como objetivo descobrir a prevalência real do diabetes no estado e mapear as complicações da doença. O estudo, que incluirá o rastreamento de toda a população goiana, poderá servir como modelo preditivo para outros estados e até mesmo para o Brasil.

No entanto, apesar dos avanços, Rassi observa que o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda enfrenta desafios. “O SUS tem dificuldades orçamentárias, e o atendimento multiprofissional, embora eficaz, é limitado. Faltam recursos para consultas mais frequentes, além de acesso a medicamentos mais modernos e eficazes”, explica. O endocrinologista acredita que a adoção de novos tratamentos, como os análogos de GLP-1 e inibidores de GLP-2, pode melhorar significativamente o controle do diabetes no país.

O diabetes tipo 1, que representa cerca de 10% dos casos, é mais comum entre crianças e adolescentes. Ao contrário do tipo 2, o tipo 1 é causado pela falência da produção de insulina no pâncreas, exigindo o uso contínuo desse hormônio. Para o diabetes tipo 2, o tratamento envolve mudanças na alimentação, aumento da atividade física e, em muitos casos, o uso de medicamentos orais ou injetáveis. “O controle do diabetes, seja tipo 1 ou tipo 2, depende muito da conscientização do paciente sobre a doença e do compromisso com o tratamento”, destaca Rassi.

Em Goiás, além do atendimento especializado, a SES-GO tem se esforçado para garantir que todos os pacientes tenham acesso ao tratamento necessário. Para isso, o sistema de regulação de atendimento garante que os pacientes sejam encaminhados para as unidades de saúde mais adequadas ao seu caso. O Dr. Nelson enfatiza que, “quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o controle da doença e menores as chances de complicações ao longo da vida”.

A prevenção, de acordo com o especialista, é a chave para reduzir os casos de diabetes e suas complicações. “A prevenção do diabetes tipo 2 está intimamente ligada à manutenção de um peso saudável, à prática regular de atividades físicas e à adoção de uma alimentação equilibrada”, explica Rassi. A SES-GO tem intensificado as ações educativas e de conscientização, principalmente em relação à alimentação saudável e ao sedentarismo, fatores que contribuem diretamente para o aumento da incidência da doença.

Por fim, o Dia Mundial do Diabetes é uma oportunidade para refletir sobre o impacto da doença na vida das pessoas e sobre os avanços realizados na luta contra essa condição. Em Goiás, os esforços para melhorar o diagnóstico, tratamento e prevenção do diabetes têm mostrado resultados positivos, mas a colaboração entre poder público, profissionais de saúde e população é essencial para enfrentar os desafios que ainda permanecem.

“A luta contra o diabetes é constante, mas com informação e acesso a cuidados de qualidade, podemos fazer a diferença na vida das pessoas”, conclui o Dr. Nelson Rassi. O Dia Mundial do Diabetes reforça o compromisso coletivo de trabalhar pela saúde e pelo bem-estar de todos os cidadãos goianos.

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